- Até mais! - disse eu a uma amiga me despedindo dela próximo ao ponto de ônibus.
Na verdade tinha motivos pra desejar que ela de fato se fosse. Te vi logo à frente no ponto, esperando. O que você esperava? Pensava eu. Podia ser alguém que te surpreendesse com um convite novo, ou algo que te tirasse da monotonia de sempre, ou ainda, alguma coisa que lhe enchesse os olhos e preenchesse a alma. Não sei, talvez, apenas esperava o ônibus com o intuito de ir para casa como todos os outros dias.
Desejei que minha amiga fosse embora para que pudesse aproximar-me de você. Pois ela se foi. Você continuara sozinha. A observei o tempo todo sem deixar que você o percebesse. Cada gesto, cada mudança de comportamento. Te olhava como alguém que não espera outra coisa senão um sinal, divino, mágico, um olhar, um "ajeitar" dos cabelos. Era isso o que eu esperava. Um convite seu, discreto, simples.
"Aquela cena permaneceu imóvel, imperturbável, fora do tempo. Tornou-se parte da minha alma". A cena. Na verdade, havia muito barulho. Carros, motores, motos, buzinas, conversas, rizadas... Mas em mim, havia um silêncio, causado por você. Eu não estava ali. Estava em outra dimensão, em outro lugar. Nesse lugar não havia barulhos, mas uma bela canção sendo dedilhada em cordas, violinos, Cello, Baixo, viola, suavez som de pequenos tambores... Não havia rizadas nem gargalhadas, havia apenas alegria. Tudo isso se ajustava harmoniosamente encantador, em cantos e encantos. O que não havia foi chamado à existência, sim, aquela cena provocada por você. A cena era sua, toda sua, toda você.
Um ruído se fez tentando quebrar o calor daquele momento. Já era tarde. Meu ônibus se aproximava. Mas não pude ir. Ainda esperava alguma coisa de você, em você... Sei que fiquei até vê-la partir. Misteriosa em mim, ficou você.
"O que a memória amou fica eterno".
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