Sim! Justamente o Justo viverá pela fé.
Me vem à mente, toda vez que penso nisso, sobre esse "justo" que na contramão do que é palpável e tangível vive em fé, crê no que, ainda, se espera. Sim, o justo viverá pela fé.
Penso sobre o que o Justo espera. Sim! Penso em uma vida em que o amor seja a lei da humanidade; que os relacionamentos sejam banhados por graça, humanidade, perdão, compreensão, bondade, compaixão, altruísmo; uma vida em que as pessoas tenham a liberdade de ser, não como hoje se pensa nessa liberdade moral, mas liberdade mesmo, nas vísceras do ser, sem esses vícios doentios da geração de hoje que se sente livre quando se droga até a insanidade mental se instalar como estado de prazer, ou então, quando se tem todas as mulheres ou homens que satisfazem os maus desejos do coração, ou ainda, quando se tem poder para se auto-afirmar na existência, seja o poder do dinheiro, do egoísmo, da ganância ou do que for; uma vida onde todos saibam que revolução de verdade não começa do lado de fora, mas do lado de dentro, não começa no palácio central mas no coração que é a estação de onde se embarca para a viagem da vida, não se faz com fuzis, nem facas, nem socos, muito menos com revolta e rebeldia, mas se faz na averiguação do próprio coração através do Evangelho em Cristo en-carnado, em Paz e Amor. Sim, uma vida onde haja a revolução de Ser do ser, onde todos sendo como Cristo serão da mesma forma distintos uns dos outros para sempre, onde cada um tenha um nome que seja conhecido somente entre ele e Deus, uma identidade apenas sua. Uma vida onde cada um seja tratado como quem é de fato, e não a partir do que tem ou do que potencialmente possa ter. Uma vida em que cada um seja chamado pelo nome e não pelo cargo que ocupa em certa empresa, ou na posição que assumiu em determinado patamar social ou religioso, ou pela farda que veste ou ainda pela arte que executa. Não, que cada um seja reconhecido pelo que é somente. Uma vida onde as crianças possam brincar depois das "dez" e que a família possa se banquetear em qualquer morro ou montanha da cidade, sem medo, sem pânicos. Uma vida em que ninguém se coloca em posição superior a ninguém, pois, se tem a consciência que o maior é quem serve sem o desejo que tal serviço o eleve hierarquicamente a uma posição de louvores humana-mente caídos e sem-graça, mas que serve apenas porque ama, e que também ama ser servido se tornando ainda menor do que aquele que serve, e que o amor seja a canção, a poesia, a fala, o "jeitinho" de ser-humano, o gesto, enfim, que o Amor seja o que Ele É.
Sim, uma vida que seja vida para todos, em tudo, e em todos.
O justo que mergulhou seu coração em todas essas coisas olha para o horizonte e não vê amor, mas muita, muita indiferença. Não vê compaixão, apenas mãos fechadas que não servem a ninguém. Não vê vida, mas morte, até nos lugares onde se oferece vida. Não vê ruas cheias de paz, mas cheias de ausência, essa traga pelo medo. Não vê Homens e Mulheres, mas seres des-humanos. Não vê a liberdade, mas o domínio e o poder sendo exercido de um para com o outro. Não vê simplicidade mas muita arrogância. Não vê alegria, apenas gargalhadas. Não vê choros em verdade, mas lágrimas de culpa. Não vê bondade, mas festas pálidas empalidecidas pela morte do coração no abismo das presunções humanas e mesquinhas, nas acepções segundo interesses pessoais e gananciosos. Não vê vida, apenas a farsa dela.
Então, justamente o justo vive pela fé e se torna a prova de que há algo que ainda não se manifestou em verdade e vida diante da realidade, embora a Verdade e a Vida tenha-se manifestado em carne, osso, e existência. A fé é a prova das coisas que não se vêem, sim, porque todos esperam, todos gemem pela esperança de uma vida em Verdade, todos questionam, todos fingem, todos, não há um sequer, ninguém que busque o bem sem que o pecado lhe esteja intrínseco. Sim, até mesmo o "justo".
O justo vive pela fé, sim, porque creu na Voz que lhe fala interiormente que há coisas indizíveis e que coração algum alcançou, nem olhos viram, e nem ouvidos ouviram o que Deus, desde antes da fundação do mundo, preparou, com muito Amor, para aqueles que, em Ele amando, o amaram também, pois, "nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados". Ele nos amou primeiro e demonstrou no Filho o seu próprio Amor. E nos deu essa viva esperança de que o Amor entrega a vida pelos outros em Amor. Isso muda toda a existência, esse é o Reino de Deus que já está em vós.
Sim, o que há perante os olhos é o que todos vêem, mas o que há perante o coração é o que todos precisam ver e crêr, e viver em fé e esperança!
Nele, em quem anseio por esse dia que espero dentro em mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário