Sou apaixonado com música. Quem que conhece talvez pense que gosto de música, mas não é bem assim, não gosto apenas, sou mesmo é apaixonado.
O que faço pela música não o faria por qualquer outra coisa, não com a mesma disposição de coração ou com a mesma alegria e paz. Isso porque, como disse, sou apaixonado. E quem poderá dizer que a paixão não é uma loucura? Prova disso é que a paixão produz o casamento. Loucura, pura-mente em sã loucura! A paixão casa o músico com a música, o pintor com a pintura, o engenheiro com a engenharia, a princesa com o principe, o sábio com a sabedoria, enfim, a paixão faz acontecer a "contra física" absurda de duas coisas ocuparem o mesmo espaço e a louca química de tornar dois em um só, puros, à ponto de não se poder discernir onde começa um e termina o outro, puramente indistinguiveis.
Quando ouço uma música não ouço apenas uma "música". Ouço beleza num quadro harmônicamente misterioso, e me encanto com a possibilidade de tal acontecimento. Notas músicais se juntando a cantos que não se sabem de onde vem e nem para onde vai, cantos e melodias que tem a ver com a alma do cantor, tem a ver com a alma do músico que pinta numa tela invisível, sonora, não se pode tocar nem ver, é espiritualmente discernível porque assim o é, espiritual. Arte feita em ondas sonoras que conta as histórias jamais contadas, conta as dores jamais expostas, conta as alegrias jamais compartilhadas. Música é isso: encantos em contos em canto.
Mas a vida do músico se difere de toda essa beleza, ainda mais quando ele está iniciando agora uma carreira promissora. Pesos nas costas, bolsas nas mãos, todo o material que precisa pra executar bem seu instrumento. Ônibus cheios, o desconforto de se carregar tanta coisa, as distâncias percorridas para se chegar ao lugar de ensaio, o tempo gasto em estudo e em alimentação saudável para que se reponha a energia que se perde com todo esse trabalho.
A beleza da música não me livra dos estresses causados por ela mesma. Não me livra das crises de, por vezes, pensar se é isso mesmo o que quero. Não me livra dos cansaços, dos dias em que queria um pouco de quietude e não os posso tê-los. Sincera-mente, não. A música não tem esse poder. Sei apenas que quando acordo me esqueço o porque que pensei em largar ou abandonar tudo isso, acordo e não vejo razão para não viver com ela todos os dias da minha vida. No meu quarto, bem cedo, acordo ao lado do meu intrumento, uma bateria, e me encanto novamente, é como uma magia que se recria a cada dia. Paixão, pura paixão. As vezes canso e desejo dar uma volta para esfriar a cabeça, para "des-estressar um pouco" como dizem por aí, isso porque, como disse, ela me estressa, me cansa, mas a paixão é coisa louca, é sanamente louca. Quando volto, volto apaixonado, quero ela de volta, aliás, mesmo quando dou uma volta ela está sempre comigo, está sempre em meus pensamentos, em minhas conversas, em meus olhos, sempre intrínseca em minha alma. Diria, inseparável. Sei que ao lado dela estou onde quero estar, e com ela qualquer lugar é lugar qualquer que se transforma em cena de cinema.
Muitos não sabem a razão de alguns se dedicarem tanto a uma certa coisa, ou a certa pessoa!
Paixão! Seja sempre, eterna e sempre!
Nenhum comentário:
Postar um comentário