Perdoe-me, palavra!
Não quero sequer ouvir falar do amor
Só quero amar
Só quero amar o amor
Esse que se aproximou
Doce e impetuoso
Alegre e assombroso
E sua doçura ou impetuosidade
Alegria ou assombro
É doçura em amar
Impetuosidade em amar
Alegria em amar
É assombrosamente amável
Não depende de ventos
Não depende de chuvas
Não depende de tempos
Seja brisa, seja ventania
O amor é brasa, é chama que não se apaga no pavio
Sejam as águas, seja onda, seja tempestade em alto mar
O amor é chama que arde no centro desse oceano
No mais profundo, tente achar o seu lugar
E terás de procurar eternamente mais fundo
Seja primavera, outono, inverno, verão
O amor é chama eterna
Não cabe no tempo
No tempo não se faz estação
Aliás, para isso o amor não tem tempo
Do tempo se faz redenção
Os ponteiros, tão tolos
Não podem criar nele ansiedade
Posto que não é feito do efêmero
Ele mesmo dá a eternidade
Não chega atrasado nem se precipita
Faz dos ponteiros um contra tempo
Pois não há medidas no amor
Nem polegadas, nem jardas, nem comprimentos vários
Nem tempo, nem peso, nem intensidade
Inexprimível
Vencedor da morte
E quando assim se fala
O que mais se falará do amor?
Que venceu o terror dos homens
A sepultura, a morte, a vida...
Arrancou da semente que morrera
O mais belo trigo, e deu ao trigo mãos de amor
Fizeram da semente o mais belo pão
Tirou da sepultura um amigo
“Ele apenas dorme”, disse consigo
Livrou a vida da vida dos homens
Deu a ela a vida de Deus
Misericórdia e perdão
Trouxe o coração do homem até o Seu seio
Ah! O amor que não arde em ciúmes
Não se conduz inconvenientemente
O amor, paciente, bondoso
Não se ufana, não se ensoberbece
Tudo crê, tudo suporta
“Tudo passa”, dizem alguns muitos por aí
E eis o amor
Aquele que permanece
Antes da eternidade
E eternamente depois
Ah! O Amor!
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