quarta-feira, 26 de março de 2008

SOU DESTA TERRA

Não tenho para onde ir
Sinto, sinceramente, que esse aqui é o meu lugar
A Terra, minha terra, meu chão
Minha casa, “lar doce lar”

Não faço questão de conhecer os céus
Desejo apenas explorar esse imenso universo
De pequenas coisas, flores, lagos, mares, raízes
Pássaros, répteis, árvores, folhas

Não faço questão de conhecer os anjos
Ainda que me parecera muito interessante há pouco tempo atrás
Agora, quero conhecer apenas homens e mulheres de verdade
Gente de carne e osso, filhos desse chão em que também piso

Não quero desejar a vida de outro, não, de fato, não
Mas desejo imensamente que haja vida dentro de mim
Uma vida impetuosa, cheia de humanidade e consciência

Desejo amor, amor consciente, consciente amor
Não desejo o que fizeram desse termo
Desejo justamente o que não fizeram dele

Desejo a companhia que se não faça solidão
Desejo o beijo que se não seja indiferença
Desejo o desejo que se não nasça do egoísmo
Desejo o querer legítimo mais do que o desejo

Desejo a individuação que se não faça individualismo
Desejo o orgulho que se não faça egocentrismo
Desejo a paz que se não faça opressão
Quero querer essas coisas mais do que desejo

Não espero o “amigo perfeito”, espero apenas que ele não se diga perfeito
Não espero a “mulher perfeita”, espero apenas que ela tenha consciência e amor pela vida
Não espero o futuro, espero apenas o que está por vir
Não espero coisa alguma, apenas quero a paz da esperança

Amigo, não quero fugir desse mundo
Desejo apenas a calma caminhada
Não peço que me tires daqui
Apenas que me livres do mal

Nele

terça-feira, 11 de março de 2008

QUERO LHES FALAR SOBRE ELA


Sim. Gostaria de falar sobre a beleza dela, sobre como ela é linda. Sobre o seu olhar que convergi toda a beleza do crepúsculo entre pálpebras tenras. Seus lábios sugerem desejo e aconchego... Num beijo... O sentir de um encontro de corpos que se pedem, que se querem um ao outro, na ponta dos lábios dois universos que se tocam, dois universos que se entornam tornando-se um. Um beijo é solidão e companhia, por isso o desejo de se abraçarem logo após; um beijo é angústia e alegria, por isso o sorriso nos lábios e a ausência no coração. Um beijo, desejo de eterno amor... Eterna a dor de desejar. Gostaria de falar de sua pele macia, roseada e sem par, pele de uma mulher e todas as suas seduções e calor. Seus cabelos, guardas de uma beleza amável: O pescoço de uma mulher. Sim, seus cabelos são belos, gostosamente belos, mas são tão belos assim apenas para chamarem a atenção para sí e não revelarem antes da hora uma beleza ainda mais profunda... Profundo como o abismo do Abismo, profundo como a morte... O amor... Doença saudável que se apega à pele e invadi até o âmago do ser, e se instala irremediavelmente incurável... Não. Não há quem queira se curar de tal saúde para a alma... Recostar-se com o nariz bem junto ao pescoço dela é mais profundo do que qualquer céu ou inferno, mais forte que a morte... Sim, como Vida... Vontade de proximidade de alma... Ternura... Ah! Falar sobre seu rosto me dói a alma por não estar por perto. Apenas lembrar já faz querer estar junto dela. Seu rosto é amável. Olhá-la é desejar cair em profundo silêncio... Me calo apenas... Descanso para a minha alma é ela, e isso me inquieta. Todo o seu jeito de mulher com carinha de menina. Mãos e braços, bocas e lábios...Sim. Com certeza queria vos falar sobre ela. Mas não falo senão sobre mim, sobre “aquela” que habita em mim.“Ela” é coisa minha, da minha mente, feita em moldes meus. Perfeita para mim. “Ela” não existe. Não mesmo.E quem nunca construiu tal “coisa”? Quem nunca ficou acamado por tal doença, em febre contínua e sombria? Quem nunca sonhou com ela? Sorriu em ter pensado encontrá-la em outra pessoa? Quem? Eu, porém, me deixei levar por tal sentimento doentio e insano. Esperei encontrá-la do lado de fora. Não. Não há nada parecido do lado de fora. Não há nada nem ninguém que se pareça com ela. O que existe do lado de fora são apenas pessoas de verdade, mulheres reais com vontades e sentimentos reais, com necessidades reais. Não há nenhum engano do lado de fora, apenas do lado de dentro moram as assombrações e fantasias infindáveis de um ser que ainda não se humanizou. Sim. Tornei-me empedrado com tais construções. Afastei-me das outras porque não se parecia com “Ela”. Entreguei-me ao luxo-imbecilizado de escolher a dedo em comparação com a tal que me habitava. O final foi desastrosamente esmagador de que realmente estive em estado de insanidade mental. Embrutecido em meu narcisismo infantil. Queria ver-me nela, e que ela fosse o que queria que fosse. Não. Não é assim. Não pode ser assim. Senão o que nos restaria seria somente a solidão, de estarmos com nós mesmos de mãos dadas por toda a vida. Sozinhos e solitários por toda a existência. Solidão! Encontrei-a pelo caminho. Ela amiga e sábia me trouxe luz aos olhos. Me trouxe choques de realidade para que eu acordasse. Ainda estou um pouco sonolento. Ainda meio desacordado pelos corredores da vida, dessa casa onde habito. Sim. Acho que lhes falei sobre ela. Creio que vocês sabem quem ela é!Mas ainda quero lhes falar sobre uma outra, quando estiver junto a ela.

sábado, 1 de março de 2008

... POETAS


Poetas... "Irmãos das coisas fugídias"... Sim! Seres fugídios. Fogem de tudo, de todos, Precisam enfeitar e embelezar o que para eles é feio e desprezível (porque não suas próprias vidas?). Precisam viajar para lugares longínquos para não sentirem as pedras sob os pés que existem no caminho da vida. Sim... Poetas vêem o que ninguém vê, isso eu não posso negar. Aliás, se não fosse assim jamais seriam poetas, seriam seres normais. Para eles existe um universo transcedental em cada pequena flôr. De sua cor extraem visões que seria necessário ser Deus para entrar em seu mundo. Vêem muitas e muitas outras cores e de preferência escolhem as que ninguém jamais poderá ver, esse é o trabalho do poeta, ver outras cores, sentir outros perfumes, ou, talvez, intensificar tudo isso para que se pareça melhor do que de fato é. Para ele "vermelho" não pode ser apenas vermelho. Tem que ser cintilante como as estrelas, o perfume te que ser arrebatador à ponto de provocar desejos e sensações também trancedentais. Para o poeta a flôr não pode ser apens uma flôr (mas não o deixaria de ser assim?).

Sim. Uma flôr é linda e seu perfume é bom. Quem viu e a tocou sabe como é bom, e quem sentiu seu cheiro sabe do seu perfume. Todos sabem o quanto é lindo um céu ao Pôr-do-Sol. Sim, todos sabem. Também se sabe como é bom assentar-se à beira de um lago em meia ao verde, árvores, bichos, barulhos indiscerníveis... Sim, sabemos de todas essas coisas. E todas essas coisas são belas porque são elas mesmas. O lago continua sendo lago; as árvores continuam sendo árvores; os bichos continuam sendo bichos. E é bom que assim sejam para continuem belos como Deus os fez.

Penso que não deveríamos acrescentar coisa alguma às que já são. O que é, é. Tudo quando há veio da boca de Deus, como palavras proferidas em divina e inescrutável sabedoria. Tudo quanto há é sabedoria de Deus preparadas em amor. A essas coisas jamais deveriamos acrescentar coisa alguma. Que uma flôr seja somente uma flôr e o que passar disso tá nos olhos de quem vê.

Ser poeta é usurpar o direito de ser do outro. O "outro" passa a ser o que o poeta vê nele, o que ele quiser. Ele maqueia, dá um tom sombrio por vezes, suave, melancólico, romântico, alegre, hostil, adverso... Isso tudo enquanto o "outro" continua sendo ele mesmo, intacto, inexplorado, e ainda desconhecido. Assim também, o poeta, faz à realidade. Para ele a vida é, literalmente, uma arte. Uma tela em branco para que ele possa pintar o que quiser, da maneira que quiser. Cores, dores, e amores que preferir. Ah! Se eles deixassem que os seres fossem livres para serem o que de fato são, sonhariam menos, viveriam mais.

Poetas, toquem as flôres, brinquem com os cães, tome uma pomba à mão, megulhe em riachos, lagos, se encham de alegria pela companhia de pessoas amigas ou mesmo desconhecidas. Façam todas essas coisas e vocês verão que a criatividade de vocês é semelhante a ver sua prórpria imagem num espelho embaçado.

MEU AMIGO, ALGUMA COISA ESTÁ MUDANDO

Alguma coisa está mudando meu amigo E não sei bem o que é Mas se lembra quando tudo apenas se repetia Então mudanças já são boas...