quarta-feira, 30 de abril de 2008

MENSAGEM SEM CARNE NEM VIDA



Sem querer me dedicar a nenhum intelectualismo insosso, quero pro-vocar aqui a consciência do leitor à tal ato de amor representado pelo Pai que acolhe, acompanha, perdoa, abraça, convida para a dança em reconciliação eterna. Enfim, a nossa negligência está entre “pregar” e “encarnar” tal mensagem, a do Evangelho.

O que me comove nesse vídeo é justamente o “amor” demonstrado pelo Pai, ou por Deus. O amor que recebe sem perguntas e sem questionamentos como “qual foi o passado da garota?, o que ela fez?” e por aí vai. Não. O Pai recebe sem a lista de cobranças, sem os constrangimentos humanos de querer “saber demais” da vida da suposta “pecadora”. A mensagem que ecoa daquele abraço do Pai no final é a mensagem não só de que “perdoados estão os seus pecados” mas também de que Nele (Cristo) não temos que ter medo de Deus, posto que na Cruz era Deus em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo, é amor que está antes, durante e eternamente. Deus não é tal ser condenatório, cheio de ódio e ira para descarregar sobre a humanidade como costumados a pensar que é, não mesmo. Deus é Pai que não o nosso pai terreno, mas ainda que nosso pai terreno nos traga uma imagem negativa de paternidade, Deus no entanto, é Pai que transcende à tudo isso, pois, antes mesmo que houvesse Queda houve a Reconciliação, antes mesmo que houvesse a transgressão de Adão houve o perdão no segundo Adão (Cristo), antes que houvesse o medo do inferno, da morte e da condenação houve a Paz estabelecida pelo Cordeiro imolado antes da fundação do mundo, antes que Deus dissesse “haja luz”, Deus disse “haja Cruz”, e houve a Salvação muito antes de ter havido existência. Portanto, a Salvação é muito mais antiga do que o existir posto que o Cordeiro foi morto antes da fundação do mundo. O amor de Deus está acima de qualquer coisa, pois, no final de tudo o amor do Pai triunfa sobre qualquer juízo, afinal, Deus corrige para concerto e não por puro desejo arbitrário de retribuir o ser pelo mal que se fez. Não, até o juízo é para o bem, se não o fosse não haveria juízo e Deus então entregaria a humanidade ao caos. Portanto, até o juízo de Deus é demonstração de amor, posto que é para o bem que o Pai corrige, para a vida e não para a morte. O amor triunfa sobre e no juízo. Esse amor do Pai me comove.

No entanto, algo me contorce as vísceras é que a suposta igreja-representadora-desse-amor-de-Deus-na-terra, não só não tem ouvido a verdade do Evangelho, como por isso mesmo não tem manifestado esse amor. Sem que se experimente tal “abraço” do Pai, não há a manifestação de tal para com o próximo, posto que:

“Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”. 1 João 4:10

Deus é amor, e o amor está não em amarmos a Deus, mas em por Ele sermos amado e experimentado nisso, no amor Dele. Só assim então poderemos dar amor, ao se conhecer o que de fato é o amor. O nosso “amar a Deus” não tem valor algum se antes não tivermos experimentado o amor Dele por nós. Sem que isso aconteça, nosso “amor” não será Amor, mas fruto da culpa, do medo, da barganha, do pavor, enfim, será qualquer outra coisa que não de fato o Amor. Deus é Amor, e conhecer o amor não é amar a Deus, mas ser por Ele amado.

O que me entristece muito é ver que o que se experimeta de “Deus” é justamente o que Ele não é. Se experimenta a morte, a condenação, o julgamento arbitrário, o medo, o inferno, tudo isso em nome de “Deus”, basta saber qual “Deus” é esse. Pois foi justamente todas essas coisas que foram desmascaradas na Cruz e exposto ao desprezo eterno, posto que em Cristo nenhuma dessas coisas tem poder algum. Está consumado, a obra da Salvação está feita, com perfeição para sempre. Não há mais condenação.

Enfim, a igreja por não experimentar tal amor só pode oferecer o que ela oferece mesmo. Oferece a mensagem, mas não tem conteúdo, oferece o invólucro mas não tem essência, oferece a vida mas está cheia de morte. Assim, todo aquele que assite a um vídeo desse e que já experimentou um pouco do que é a “igreja” sabe que tal amor acolhedor, inclusivo, sem acusações, nem condenações, nem coisas do gênero, tudo isso é visto na mensagem mas não em vida no chão da existência.

Me comovo muito com a mensagem do amor, mas estranhamente me sinto impossibilitado a crer que tal mensagem seja verdadeira, não no seio da igreja, infelizmente. Pois, tal mensagem tem que ter um movimento em direção do próximo, tem que ir de encontro ao próximo, em atos, em vida, enfim, é atitude de quem experimentou o amor e por isso não tem outra coisa a oferecer senão aquilo do que foi cheio: Perdão, paz, inclusividade, reconciliação, enfim, amor.

Portanto, o que me dói é a mensagem nunca encontrada em carne-osso-e-existência no caminho da vida cristã, e isso por falta do encaramento do Evangelho como fonte vital para o ser, e do ser para com outro ser, e a fé de que Cristo foi de fato em vida e andanças a Verdade e a Graça manifestada.

Se isso não acontecer, como não tem acontecido, estamos mortos, todos.

Nele.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

"NINGUÉM" CRÊ NA CRUZ


"Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos". (Isaías 53:6)

"Ninguém" crê na Cruz. Milhares dos que confessam o nome de Cristo e dizem ser dele seguidores não acreditam na Cruz. Crêem em um outro "Cristo", num outro "Jesus", pois, nunca creram de fato no poder da Cruz.

"Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo..." (Isaías 8:14)

A mensagem da Cruz é ainda pedra de tropeço e sem sombra alguma de dúvida é rocha de escândalo.

Quem suportaria ouvir os ecos que dela ecoam? Quem suportaria ver-se enganado por toda a vida e ter que encarar que a Cruz não é nada daquilo que tal ser pensa ser? Quem suportaria olhar para ela, a Cruz, e ter que se desfazer de todos os seus artifícios auto-justificativos porque diante dela ninguém se banca, afinal, paradoxalmente, justamente os que tentam se bancar diante de Deus são os que, como Paulo disse, "seprarados estão de Cristo, caíram da Graça"?

"Quem crêu em nossa mensagem?"

O que é maior a CONDENAÇÃO ou O PERDÃO? A MORTE ou a VIDA? o PECADO ou A GRAÇA? A QUEDA ou a CRUZ? Se Cristo venceu o INFERNO porque estamos ressucitando ele de novo? Se o INFERNO teve seu fim-morte em Cristo porque ainda pregamos o medo da condenação eterna? Se a CHAVE do INFERNO está nas mãos de um redentor, salvador, e libertador, porque estamos colocando medo nas pessoas dizendo que o Diabo está levando gente pra lá todos os dias? Se Cristo venceu a morte, porque ressucitamos ela de novo e ainda mandamos as pessoas vigiarem por ela estar todo o tempo ao derredor? Quem foi maior o PRIMEIRO ou o SEGUNDO ADÃO?

Se dizemos o tempo todo que Cristo é o nosso "ÚNICO E SUFICIENTE SALVADOR", porque estamos o tempo todo prestando uma "ajudinha" à Cruz como se ela fosse "suficiente" só na pregação mas na vida real não seria bem assim? Como se o Salvador tivesse vindo salvar aqueles que por sí mesmos pudessem se salvar! Enfim, quando Cristo disse "está consumado" é por que estava mesmo... A Cruz realizou seu papel, a saber "a obra da salvação"... Está feito, acabou, está terminado, a obra da salvação está terminada, com sucesso, pois, foi pelo sangue do Cordeiro que foi pago... Não há nada que tenhamos que acrescentar à Cruz, ela por sí só é suficiente mesmo, e pronto... A BOA NOVA é essa, que não precisamos mais ter medo do inferno nem da morte, muito menos de Deus, porque o inferno foi desmascarado e colocado em deprezo para sempre, o inferno acabou, mesmo; a morte teve seu fim para sempre não há mais do que ter medo, pois, não há mais condenação para aqueles que se enxergam indígnos de entrarem no céu e por isso crêem em Cristo, que ele é de fato o CAMINHO... E quanto a Deus, Ele está em Paz com todos... Não há mais contas à prestar com Ele, Ele mesmo pagou todas elas, todas mesmo, as de ontem, de hoje e as de amanhã!!!!

É pensando assim que vejo Paulo dizer com toda a sua alma: Graças a Deus por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!!!

A BOA NOVA é essa: "Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação". (2º Co. 5:19)

Anuncie isso aos pobres. Saia pelos becos e diga ao mendigo, à prostituta, ao assaltante, ao adúltero, aos religiosos... Diga que Deus está em Paz com todos, que apenas descansem nisso e que esperem até o dia da redenção final.

Ou então, continuem a anunciar esse "outro" que não é o Evangelho, de que Deus está pronto para condenar aqueles que por sí mesmos não derem conta de O satisfazer, mas saiba, que seja amaldiçoado até um anjo que pregar tal má-nova, que seja colocado em desprezo tal mensagem.

Nele.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

ESTOU DOENTE...


Estou doente. Estou doente e sei que estou doente. Não. Nada físico ou “visível”, de fato, não. Estou me tornando estranhamente dependente de um outro ser... Dependente... Tudo se relaciona diretamente com tal pessoa. Ela... Ela Sempre está faltando, estou sempre sentindo falta dela.

... Pequenos olhares, pequenos gestos, jeitos, cabelos, risos, algumas palavras... Quando pensava que não, já era tarde... Me peguei pensando nela o tempo todo. Agora seu sorriso se tornou uma doce memória em mim, sua pele, todo seu jeito de menina-mulher, suas seduções... Gostosamente a tenho em lembranças como em cenas fotográficas.

Sim, estou doente. Tudo isso me causa uma sensação de dependência, de necessidade de ser completo nela. A paixão... Uma garganta aberta e insaciável desejando possuir o outro, o ser amado... Tudo se torna intenso... Cada gesto se torna único e por muitas vezes indizível. Os olhos... Sim, os olhos... Já não vêem como antes. Há um novo universo diante deles agora. Qual?
Deixe-me falar um pouco sobre ele, esse tal "universo".

Os olhos não mais vêem coisas "reais" (talvez não devesse usar esse termo,pois, pode ser que agora é que as coisas se tornem de fato reais). Olhar as estrelas no céu é ver um véu negro enfeitado por astros celestes que reluzem o brilho de sua própria beleza. Aqui, na terra, tudo se transforma em cenário. As árvores são atores coadjuvantes, as luzes dão foco à cena, os tons e cores são arranjos divinamente arquitetados para que a cena seja perfeita. Loucura? Sim, diria que sim. Provocada por Ela. Sem ela, estrelas são só estrelas, o céu não é mais um véu mas um infinito e amargo vazio. Não há mais cenas, nem cenários, nem arranjos, nem mais penso em coisas divinas. Não. Sem ela os olhares perdem o seu brilho, estão cegos novamente.

Desde cedo quando acordo, sensações e sentimentos me tomam, um forte sentimento de ligação, como se ela fosse a fonte da qual jorrasse vitalidade para o meu Ser. Ela é remédio para minha cura mas que propositalmente me é dado em doses menores do que o necessário, tornando-me dependente dela todos os dias da minha vida. É ela quem alimenta a doença e a vida. Sim! Ela alimenta todo esse estado de dependência, provocando esse sentimento de falta que ela me faz, toda essa dor de eu querer a possuir por uma estranha e necessária necessidade; estou doente, pois, mais do que a simples vida, ela se tornou em fonte de Vida para mim. Esse é o paradoxo: Ela alimenta tal doença que é a própria saúde dos meus ossos. Sinto-a apegada à minha pele, à minha carne, como câncer que me toma de modo insano e devastador causando dilacerações que só ela mesma pode tratar, mas que nunca irá curar. Não, ela não tem o poder da cura. Só Deus me poderia curar de tal doença se assim o quisesse. Mas não seria Ele mesmo quem criou em mim tal desejo insaciável pela completude do meu Ser num outro?

Lembro-me dos ecos que ainda ressoam em mim, vindos do Jardim do Éden: “...Osso dos meus ossos; Carne da minha carne...". Ela já existia em mim, adormecida por sombras que não me permitiam ver seu rosto. Antes de tê-la visto, eu já a conhecia. Antes de ter visto o seu rosto, me deliciado com seu sorriso, lido o seu olhar, eu já sabia exatamente como eram. Ela sempre esteve em mim, em meus sonhos e devaneios. Era preciso apenas um sopro divino para que a sombra se fizesse ausente, então reconheceria o seu rosto como também sou reconhecido por mim mesmo. Sopro divino... Me fez vê-la... “Osso dos meus ossos; Carne da minha carne”, pois, de mim foi tirada. Vi o que estava oculto sendo revelado bem diante de mim, sonhos sendo trasformados em carne e osso, bastou uma mãozinha do Grande Mistério. E Deus me fez cair em profundo sono, e ao sonhar com ela, ele de mim o meu sonho, formou uma mulher, e trouxe-a a mim.

Rubem Alves diz o seguinte, “A alma é uma coleção de belos quadros adormecidos, os seus rostos envolvidos pela sombra. Sua beleza é triste e nostálgica porque, sendo moradores da alma, sonhos, eles não existem do lado de fora. Vez por outra, entretanto, defrontamo-nos com um rosto (ou será apenas uma voz, ou uma maneira de olhar, ou um jeito da mão...) que, sem razões, faz a bela cena acordar. E somos possuídos pela certeza de que este rosto que os olhos contemplam é o mesmo que, no quadro, está escondido pela sombra. O corpo estremece. Está apaixonado”.

Ela é linda, mas “linda” não é uma palavra que a descreve bem, ela é um SONHO. Ela é a convergência de tudo o que há dentro de mim, ela é desejo meu, é fonte, é ponte, é tudo, é nada, ela e mais ninguém. Ela é completude e ausência, é efêmero e eterno, é doença e saúde, é paz e desaconchego. Ela é lugar para onde corro, descanso e inquietude, abraço e abandono. Ela é água da qual tenho sede... Ecos do Jardim do Éden.

“Ah, entranhas minhas, entranhas minhas!” Estás enferma de algo incurável, para que todos os dias sacie-se nela.

Como disse, estou doente. Estou doente e sei que estou doente, e não quero me curar.

"A melhor cura para o amor é ainda aquele remédio eterno: amor retribuído." - Nietzsche

MEU AMIGO, ALGUMA COISA ESTÁ MUDANDO

Alguma coisa está mudando meu amigo E não sei bem o que é Mas se lembra quando tudo apenas se repetia Então mudanças já são boas...